Hoje em dia, as companhias de tecnologia estão observando as empresas voltadas para os setores industriais, por quase sempre possuírem muito capital. E o setor da construção civil, um dos mais tradicionais de nossa economia, vem buscando abrir espaço para esse novo tipo de empreendimento e o avanço tecnológico que elas podem oferecer.
Esse tipo de empreendimento, que são denominadas startups, atualmente é chamado, considerando que é o âmbito da construção civil, de construtech: A tecnologia aplicada ao setor de construção, automatizando os canteiros de obras, digitalizando os projetos, eliminando problemas, implementando soluções com softwares e hardwares, tudo com o objetivo de simplificar o processo do setor de construção, tornando-o mais eficiente e produtivo.
Certamente, a chamada “velha guarda” dos profissionais desse setor, ainda resiste em incluir em sua rotina a tecnologia, seja pelo fator financeiro, onde as próprias construtoras não buscam aportar seus recursos, encarando como um investimento desnecessário, ou até mesmo ausência de conhecimento. No entanto, ainda assim percebe-se que aos poucos esse comportamento vem mudando.
Ora, nesse momento pandêmico em que vivemos de crise financeira extrema, o setor de construção é um dos segmentos mais afetados pelas oscilações econômicas, por conta disso é conhecido como o termômetro da economia. Se o setor proporciona boa performance é sinal de que o país está em crescimento. O contrário é sinal de que o país encontra-se em declínio.
Sabe-se que das pequenas, médias e grandes empresas, existem centenas de construtoras e empresas de engenharia só no Brasil. Em que pese o setor representar 13% do PIB global e empregar 8% da força de trabalho em todo o mundo, a taxa de desperdícios é alta e produtividade do trabalhador é extremamente baixa, em especial quando comparada a outras áreas da economia.
Isso ocorre por conta de um motivo principal: a indústria da construção civil não acompanhou o ritmo de revolução tecnológica dos outros setores, como comércio e serviços. Enquanto já existem bancos 100% digitais, carros autônomos e smartphones com reconhecimento e leitura facial integrados, os canteiros de obras ainda contam com equipamentos poucos produtivos, pouca conexão com os escritórios, enfim, tudo extremamente como sempre foi feito, muitas vezes anotado no velho e conhecido bloquinho.
Assim, alguns dos principais pontos a serem melhores geridos, atualmente, segundo os especialistas, são:
– Execução no local de obras;
– Colaboração e mobilidade digital;
– Back-office.
Saiba mais sobre cada uma abaixo:
1. Execução no local de obras
Determinadas ferramentas podem ser utilizadas para a melhoria da gestão das obras e assessorar na produtividade em campo, atuando no gerenciamento do tempo usado pela equipe na execução das obras ou na otimização dos recursos que são empregados.
Essas ferramentas podem monitorar o movimento da equipe, suas horas trabalhadas, podem rastrear os funcionários e suas posições e localizações nos canteiros da obra, otimizando a comunicação, movimentação, deslocamento e até mesmo e gestão de tempo, tudo isso analisando dados de dispositivos portáteis.
Enquanto outras pedem que os trabalhadores insiram dados sobre suas atividades e localização, para um acompanhamento remoto das atividades executadas pela equipe.
Outras ferramentas que podem ser usadas envolvem a segurança durante as obras, muitas aplicações facilitam o rastreamento e a notificações de incidentes de seguranças nos locais de trabalho.
2. Colaboração e mobilidade digital
Outro dos grandes motivos para o histórico de baixa adesão do setor em relação à área tecnológica é que ele ainda depende de recursos não digitais para gerenciar seus processos e produtos. Devido a falta de digitalização, o compartilhamento de informações fica atrasado.
Os colaboradores de um projeto de construção geralmente são profissionais que não possuem um contato próximo, porém eles precisam estar sempre se comunicando para alinhar suas ideias.
Isso explica por que muitas startups, que iniciam o processo de implementação digital em uma empresa, promovem a digitalização dos processos. Dessa forma, a promoção da colaboração online entre os diversos gestores que envolve uma obra, para que as informações sejam disseminadas de maneira mais ágil, pode ser uma aposta no mercado.
3. Back-office
A integração de back-office envolvendo funções como contabilidade, recursos humanos e financeiro, poderiam ajudar as empresas a manter um maior controle sobre seu orçamento, sobre os estoques e até mesmo sobre o quadro de funcionários.
Contudo, um dos desafios encontrados é porque as empresas não têm acesso a todas essas informações, geralmente elas são perdidas com o tempo. Porém, algumas ferramentas ajudam na captação e armazenamento desses dados relacionados a empresa.
É de extrema importância a integração de todos os dados administrativos, porque acelera as decisões a serem tomadas, bem como os processos burocráticos, a realização de orçamentos, contratos, etc.
Algumas das principais tecnologias no mercado atualmente que buscam fazer com que a construtech seja uma realidade palpável e eficaz é por exemplo a tecnologia mobile, que consiste na utilização de aplicativos móveis para foto ou vídeo nos locais de obras, gerenciamento de tempo e gerenciamento de planos.
Existe também uma tecnologia motivada pelo uso da inteligência artificial na construção, buscando que os processos se tornem mais eficientes, como por exemplo, fazendo com que máquinas reconheçam eventos através de sensores, organizar relatórios com KPI’s e também ajudar no controle de ações corretivas.
Além da comodidade, a inteligência artificial permite a economia e mais segurança aos usuários. Com a implementação de sensores de movimentos, por exemplo, é possível instalar um sistema de iluminação automática do ambiente.
Esses são apenas alguns dos inúmeros exemplos de tecnologias inovadoras inerentes às construtechs, podendo-se afirmar que esse tipo de startup irá mudar a forma como as pessoas conduzirão seus negócios e a maneira de se construir (sendo que inúmeras empresas já estão mudando efetivamente).
Todas essas tendências indicam que os novos focos de investimento no setor devem se concentrar no aumento da produtividade em campo e no gerenciamento do desempenho do local. E o aumento da produtividade e melhor gerenciamento reverte em maior lucro.
Com toda certeza é um incentivo massivo para que quem compõe a indústria da construção identifique soluções para transformar a produtividade e a entrega de projetos por meio de novas tecnologias e práticas aprimoradas, sendo razoável que as empresas que atuam no setor busquem investir nesse segmento, aumentando seu nível de eficiência adotando essas novas tecnologias, a fim de otimizar seus processos e aumentar suas receitas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, Nadine. O que são as Construtechs e como elas estão transformando o setor da construção?. Disponível em: https://constructapp.io/pt/tudo-sobre-construtechs/ Acesso em: 23/03/2021.
LORETO, Bruno. O QUE É UMA CONSTRUTECH? Disponível em: https://construtechventures.com.br/blog/o-que-e-uma-construtech/ Acesso em: 24/03/2021
MOBBUS, Construção. Construtech: como a tecnologia está revolucionando a construção. Disponível em: https://www.mobussconstrucao.com.br/blog/construtech-como-a-tecnologia-esta-revolucionando-a-construcao/ Acesso em: 22/03/2021.
NERY, Carmem. Lucrativo, mas pouco produtivo. Setor da construção abraça as startups Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/economia/livre-iniciativa/empreender/lucrativo-mas-pouco-produtivo-setor-da-construcao-abraca-as-startups-7ws4pvc74bg6llgu0zxsjngzd/ Acesso em: 24/03/2021
TERRA, Eduardo. CONSTRUTECH: SAIBA COMO A TECNOLOGIA ESTÁ MUDANDO A CONSTRUÇÃO. Disponível em: https://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:_Z5aaUtFVrUJ:https://gobacklog.com/blog/construtech/+&cd=10&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br Acesso em: 22/03/2021.